Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar

Apanhados entre as alternativas mortais e sem saída do imperialismo e do fundamentalismo religioso

Só a revolução nos pode fazer sair desta situação

20 de abril de 2015 | Periódico Revolución | revcom.us

 

30 de Março de 2015. Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar. O seguinte folheto do Grupo do Manifesto Comunista Revolucionário na Europa foi maciçamente distribuído em árabe, francês e inglês no Fórum Social Mundial em Tunis entre 24 e 28 de Março de 2015.

 

As pessoas estão horrorizadas e justamente indignadas com o recente ataque fundamentalista islâmico em Tunis. É-nos dito que a única protecção contra este tipo de barbárie é unirmo-nos atrás dos criminosos ainda maiores que presidem a uma rede internacional de exploração que tritura as pessoas, protegida pela guerra, a tortura e ditadores locais.

Há quatro anos, milhões de pessoas em todo o Médio Oriente escolheram arriscar a morte em vez de passarem mais um dia a viver como eram forçadas a viver. Agora, as pessoas encontram-se paralisadas ou empurradas a escolher entre duas alternativas inaceitáveis: a continuação do velho tipo de regimes que elas já rejeitaram, ou os fundamentalistas religiosos cuja crueldade para com as pessoas não é menor que a dos cúmplices locais do Ocidente que eles querem substituir. O conflito que se tem intensificado entre estes dois lados tem trazido massacre atrás de massacre e esta dinâmica mortífera irá continuar enquanto o capitalismo e o imperialismo forem dominantes. No entanto, há um caminho diferente, libertador – através da revolução comunista.

Foi o funcionamento do próprio sistema imperialista que produziu o fundamentalismo religioso do século XXI, incluindo a falsa reivindicação do Islão político de que a resposta à corrupção, à hipocrisia moral e à humilhação nacional impostas pelo Ocidente é um regime baseado na Sharia onde a superstição e a patriarquia têm força de lei. As potências ocidentais tinham abraçado esta solução onde ela servia os seus interesses, mas agora o Islamismo emergiu como principal rival ideológico do Ocidente e desafiador da actual configuração política da região. Em nome de salvarem as pessoas da barbárie, estes bárbaros de alta tecnologia invadiram o Afeganistão, o Iraque e o Mali, enviaram os seus comandos e drones para atormentar o Paquistão e o Iémen, devastaram a Líbia e agora estão a bombardear a Síria. As intervenções, invasões, ocupações e massacres imperialistas só têm tornado o Islamismo mais forte e ainda mais disseminado, tal como cada sequestro em massa e decapitação fundamentalista empurra muitas pessoas para os braços trituradores do Ocidente. No entanto, as potências ocidentais estão abertamente a preparar a opinião pública e os seus exércitos para uma guerra de maior envergadura.

Um olhar para o Egipto, a Tunísia, a Líbia, o Iémen e outros lugares da região mostra que, a menos que haja uma verdadeira revolução, as pessoas acabarão por ter ainda mais obscurantismo e atraso combinados com humilhação nacional e negação de direitos, quer “escolham” a bandeira dos políticos e generais obedientes ao Ocidente ou a dos islamitas que os querem substituir. É um pesadelo que só pode ficar pior a menos que as pessoas lutem por levar estas sociedades para um caminho completamente diferente. Mesmo durante as rebeliões dos últimos anos, as políticas e teorias reformistas e estreitas não têm sido capazes de mobilizar de uma forma duradoura os jovens profundamente insatisfeitos e os desesperadamente pobres que constituem a maioria em todo o Médio Oriente.

Às escolhas políticas repugnantes de hoje temos de responder com um plano para uma mudança social radical mas totalmente realista, baseado numa análise científica dos problemas que confrontamos e nas lições das anteriores experiências da revolução. Eis alguns exemplos de princípios centrais para essa abordagem, tendo em conta as diferenças entre os países:

- As acções revolucionárias de milhões de pessoas têm de confrontar e derrotar todo o tipo de forças reaccionárias, têm de desmantelar e substituir não só as monarquias e teocracias mas também os sistemas políticos onde um parlamento e uma igualdade formal escondem a dominação dos capitalistas e proprietários rurais, e onde as vidas de milhões de pessoas de todo o Médio Oriente estão subordinadas à acumulação de capital em Nova Iorque, Paris, Londres e Frankfurt. Deve ser construído um sistema político completamente diferente que de facto permita às massas populares transformarem a sociedade, que assegure a participação das massas, que encoraje uma discussão vibrante, que valorize a dissensão e proteja os direitos políticos e pessoais das pessoas, incluindo o direito a praticar qualquer religião ou a propagar o ateísmo.

- Tal como a experiência tem provado – desde a Argélia pós-colonial aos Assad, pai e filho, e à República Islâmica do Irão (e à Venezuela) – falar em romper com o imperialismo ao mesmo tempo que se permanece agarrado ao mercado imperialista mundial é apenas conversa fiada. Nenhum povo, quer os seus olhos estejam ou não cegos pelo petróleo, pode ser livre para gerir os seus próprios assuntos sem um novo sistema económico onde a riqueza seja produzida em benefício da transformação da sociedade e do mundo. A nova economia precisa de praticar um desenvolvimento equilibrado para romper com a lógica da dependência imperialista, para reparar a gigantesca destruição ecológica e abrir um novo caminho de desenvolvimento sustentável. Tem de abrir a porta a um genuíno sistema socialista onde as pessoas detenham e administrem colectivamente a capacidade produtiva ao serviço dos interesses de toda a sociedade. Este tipo de transformação económica não é possível sem revolucionar as zonas rurais para extirpar a autoridade que resta às forças sociais reaccionárias e tornar possível uma economia vigorosa e auto-suficiente.

- Isto implica e torna possível o desenvolvimento de uma nova cultura revolucionária que incorpore o melhor que a humanidade tem produzido nas ciências e nas artes e combata as opressivas moralidades e valores tanto capitalistas-imperialistas como do obscurantismo. Uma cultura que una as pessoas de todas as nacionalidades e que faca sobressair tudo o que é positivo das variadas tradições e comunidades históricas para que todos desfrutem, aprendam e floresçam.

- Os muitos povos diferentes do Médio Oriente precisam de se unir numa luta conjunta contra os seus opressores, e esta unidade não pode ser alcançada sem erradicar a opressão nacional dos Amazigh (“berberes”), dos curdos e de outras minorias oprimidas, bem como sem a libertação da Palestina do colonialismo do apartheid israelita.

- A libertação das mulheres da patriarquia, da dominação masculina e de todas as formas de degradação, opressão e inferiorização, tanto “modernas” como medievais, tornou-se muito justamente numa das mais profundas linhas divisórias na região e no mundo. A maioria das pessoas de “esquerda” da região tem desperdiçado este enorme potencial ao tentarem evitar conflitos com o atraso generalizado no pensamento das pessoas. A luta pela eliminação da opressão das mulheres precisa de ser uma força motriz, agora e a longo prazo, da transformação da sociedade.

- A verdade sobre as revoluções socialistas do século XX e a experiência libertadora de um século e meio de comunismo revolucionário precisa de vir à luz do dia. Os estados socialistas anteriormente existentes conseguiram grandes feitos na abertura de um caminho para relações diferentes entre as pessoas que foram além de qualquer comparação com qualquer estado actualmente existente. Precisamos de aprender com as lições das suas insuficiências e erros, bem como desses feitos, para fazermos ainda melhor no próximo ciclo de revoluções. Uma nova síntese do comunismo tem sido avançada por Bob Avakian, a qual analisa esta experiência e propõe uma ideia mais clara do comunismo como ciência e abordagem revisualizada da revolução socialista. Esta nova síntese é cada vez mais tema de debate a nível internacional. Os revolucionários do Médio Oriente, bem como de todo o mundo, precisam de se empenhar completamente nela como parte da abertura de um diferente caminho em frente.

Inúmeros milhões de jovens e outras pessoas estão a ferver de indignação. Tragicamente, o fundamentalismo islâmico tem canalizado este descontentamento explosivo para uma perspectiva e um programa que não oferecem nada de positivo. O que nós devemos oferecer aos jovens e aos que estão no fundo da sociedade, e na realidade às pessoas ao longo de toda a sociedade, é uma oportunidade de se tornarem emancipadoras da humanidade, procurando transformar o globo país a país como parte de um processo no mundo inteiro cuja meta final é o comunismo, um mundo onde as pessoas trabalham e lutam pelo bem comum. Um mundo onde todos contribuam com tudo o que possam para a sociedade e recebam de volta o que precisam para viver uma vida digna de seres humanos. Um mundo onde não haja mais divisões entre as pessoas em que alguns dominam e oprimem os outros, roubando-os não só dos meios para uma vida decente mas também do conhecimento e dos meios para realmente compreenderem o mundo e para agirem para o mudar.

Os verdadeiros avanços rumo à libertação que vierem a ser dados no Médio Oriente irão reverberar em todo o mundo e darão ânimo aos oprimidos em todo o lado. Os oprimidos têm irmãos e irmãs em todo o lado – veja-se a agitação de revolta no México e as crescentes lutas contra a opressão nos EUA.

Tivemos um vislumbre das aspirações das pessoas a uma mudança profunda nas insurreições que derrubaram Ben Ali e Mubarak. Fizeram estremecer toda a região e mandaram uma mensagem de esperança numa verdadeira mudança que foi apreciada em todo o mundo. A velha ordem política começou a estalar, mas a necessidade do estabelecimento de uma forma radicalmente nova de estado e sociedade não foi bem compreendida. Quer sob novas ou velhas formas, as injustiças e os horrores contra os quais as pessoas se levantaram são hoje ainda piores. Se uma compreensão do verdadeiro problema e da sua solução se tornar numa força real, será que a revolução não se tornará numa verdadeira possibilidade? Uma bandeira que represente esta compreensão fundamental, em total oposição às ilusões islâmicas e às realidades imperialistas, poderia unir a vasta maioria das pessoas – dos países da região e do mundo –, no fim de contas contra os seus verdadeiros inimigos. Neste mesmo momento, poderia servir como bem-vindo pólo unificador entre pessoas que estão a ser cada vez mais divididas, esmagadas e privadas de toda a esperança. Poderia começar a inverter a actual dinâmica mortífera. Este caminho é difícil, mas é a única via para nos libertarmos desta loucura.

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